Enchentes, depois da solidariedade, o que fazemos?

Por: Pe. Alex Cauchi (*)

Neste momento de tanto sofrimento e angústia, só precisa de solidariedade. E graças a Deus isso não falta! O povo alagoano sempre mostra o espírito solidário com as pessoas sofridas. E também quem não tem nada vai doando alguma coisa pra ajudar. Assim, juntando pouco de muitos se torna uma grande partilha para diminuir o sofrimento.
E depois?! A maioria acha que estas enchentes são apenas desastres naturais, então não tem nada a fazer. Mas quem pensa isso tá muito enganado, porque mais de metade deste sofrimento poderia ser evitado. Eu falo isso de uma experiência que eu passei 10 anos atrás em Murici também em uma enchente.
Vou colocar algumas reflexões e sugestões práticas:
O desmatamento – Aconteceu durante anos e ainda continua! Como muitos sabem as árvores seguram a água e depois vai soltando pouco a pouco. Por isso a importância das árvores nas margens dos rios. Então, todo mundo: usineiros, fazendeiros (os mais culpados), municípios através das secretarias de ambiente, saúde, ação social, educação têm que se empenhar para plantar fazer o reflorestamento;
O Êxodo rural – Muitas famílias foram expulsas das fazendas, outras apenas decidiram sair por falta de infra-estrutura como estradas, escola e saúde e até terra pra plantar. Algumas receberam casas do governo pra sair das fazendas que em contrapartida ofereceram o apoio político nas eleições e assim se livraram das responsabilidades trabalhistas e moradia dos moradores. Além de diversos problemas como drogas e violência, também tem a falta de trabalho e as casas foram construídas em áreas baixas onde é fácil de sofrer com as enchentes. (ex. Matriz de Camaragibe, entre outros). Como solução para muitos problemas, inclusive das enchentes são os assentamentos da reforma agrária!
Pena que os governos na sua maioria das vezes ajudam emergencialmente. Mas depois, mesmo com as promessas, até para ganhar eleições pouco fazem. Mas é de competência dos governos: limpar os rios, fazer pontes mais altas, (o caso da BR 104 que para o trânsito apenas porque a ponte ta muito baixa) abrir valetas...etc. Tem que ter políticas públicas sobre isso bem claras!

(*) Padre Alexander Cauchi atua na Arquidiocese de Maceió-AL desde 1995, é um missionário dedicado que acompanha as atividades da Comissão Pastoral da Terra. Atua efetivamente no serviço pastoral junto às famílias camponesas e em defesa da reforma agrária no Brasil.

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