O silêncio da miséria, onde vagam os vassalos do feudalismo nordestino.

Você já viajou pelo interior de Alagoas?

Há alguns meses eu fui de carro até uma cidade a apenas uma hora e meia de Maceió.

Parecia um deserto vermelho de barro, pontilhado de miseráveis vilarejos de uma só rua.


O motorista dizia: “isso aqui é tudo de Renan, isso aqui de Lira, isso aqui de fulano, sicrano”.

Eu olhava e só via vazios com algumas almas penadas nas estradas. “E isso aqui é do MST.”

Andamos meia hora sem ver casas, nem plantações, além de algumas usinas desativadas.


Era o silêncio da miséria, a paz do nada, onde vagam os vassalos do feudalismo nordestino.

Aqueles municípios paralíticos já são catástrofes secas, só que silenciosas, paradas no tempo.

De repente, esta tragédia fixa, quase invisível, se transformou em uma tragédia bruta e retumbante.

Ai, o verdadeiro Brasil apareceu diante de nós:

abandonado, sem verbas, só usadas por interesses políticos do governo.

Só nos restou a solidariedade, mas como sentir a dor de um pobre homem catando comida na lama para dar ao filho chorando no colo?

Dizendo o que?

“Aí que horror?”

A solidariedade tinha de vir antes para proteger aqueles brasileiros raquíticos,

Famintos, analfabetos, que só são procurados pelos donos do nordeste.

Para votos ou para serem “laranjas” em roubalheiras das oligarquias.

Arnaldo Jabor (Exibido na edição de 30/06/2010 do Jornal da GLOBO)

Link p/ o Vídeo:

http://colunas.jg.globo.com/arnaldojabor/2010/06/30/o-silencio-da-miseria-onde-vagam-os-vassalos-do-feudalismo-nordestino/

Comentario do Prof. Cicero Albuquerque

Amigas e amigos,

Sinceramente, não gosto dos comentários do Arnaldo Jabor. Tucano, conservador, mas, como todo mundo, de vez em quando concordo com algumas coisas que ele diz.

Não acho que Alagoas seja o fim do mundo e que toda a nossa paisagem interiorana seja a que ele descreve abaixo, mas certamente precisamos repensar muitas coisas em Alagoas. Uma delas é quem nos representa. Não dá para assistir a Collor, Renan e Téo aparecendo como alternativas. Eles são alternativas a eles mesmos? Juntos eles representam o que há de mais horrendo e atrasado na sociedade e na política alagoana.

Estamos sem saída! Não tenho ilusões com Ronaldo também. O que ele pode dizer ou fazer de novo?

Não penso que as saídas são eleitorais. É preciso que, antes de qualquer coisa, pensemos que outra Alagoas é possível e fortaleçamos nossos esforços para formar novas consciências e mobilizar nosso povo.É preciso romper com o latifúndio, a monocultura, o personalismo, o messianismo, a violência e a impunidade que desgraçam nossa terra e devoram nosso povo!

Os caciques de 'esquerda' também são culpados.

Enquanto não fizermos isto teremos que continuar tolerando que um representante da 'elite pensante' do Sul e do Sudeste diga tantas verdades parciais sobre nós!

Por enquanto,

Cícero Albuquerque

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