Por: Carlos Lima*
fonte;cpt Alagoas
O jornal Gazeta de Alagoas que circulou no último sábado (26.06) trouxe um artigo, bem escrito, pelo delegado Flávio Saraiva intitulado “sem nada”. O texto faz uma relação entre as famílias vítimas das fortes chuvas que caíram no Estado e a mobilização dos camponeses sem terra que exigiam a saída do superintendente do INCRA, Estevão Oliveira. Em outras palavras o delegado escritor afirmou que os sem terra são insensíveis à tragédia vivida por centenas de pessoas, talvez tenham lhe faltado argumentos ou coragem para afirmar que os culpados pelo drama seriam os próprios sem terra.
O artigo fala de uma ocupação na sede da Eletrobrás Alagoas, que em tese atrapalharia o retorno do fornecimento de energia nas áreas atingidas, o que não é verdade, pois se trata de um prédio administrativo e os camponeses chegaram depois das 18h com a intenção de passar a noite e se proteger das chuvas embaixo das marquises. Às 6h do dia seguinte deixaram o local em caminhada utilizando um lado da pista para facilitar o fluxo do trânsito, o objetivo era sentar com Ouvidor Agrário Nacional, Gercino Filho, e formalizar o pedido de exoneração do superintendente do INCRA-AL.
No mesmo artigo o delegado escritor fala que à noite teve banho de mar e forró na praça. Mais uma vez faltou com a verdade, pois os camponeses que recebem o apoio da CPT retornaram aos municípios de origem no final da tarde. O mais grave foi acusar os camponeses de não serem solidários, de não colocar a mão na massa para restabelecer a dignidade das famílias.
É salutar esclarecer à sociedade, lembrando que a prática solidária é comum no meio campesino, faz parte da formação, e podemos recordar as seis toneladas de alimentos doadas na favela Sururu de Capote em junho de 2009 e as constantes doações coletivas de sangue durante a semana do agricultor, ou ainda, os alimentos doados às entidades que trabalham com jovens e crianças nos meses de junho e outubro quando acontecem as feiras camponesas. Quanto ao recente acontecimento que comoveu toda a sociedade, a CPT tem sido solidária com as famílias de Murici, Branquinha e União dos Palmares, levando alimentos e roupas arrecadadas nas comunidades e com amigos.
Sugiro ao delegado escritor que faça um novo artigo, desta vez, investigativo para identificar o porquê da tragédia? Porque os rios Mundaú e Paraíba elevaram tanto os níveis das suas águas? Porque as pessoas moram de forma tão indigna? Em qual a classe social, as pessoas são mais atingidas? No mesmo artigo poderia fazer uma relação entre a corrupção em Alagoas e a qualidade de vida do povo. Seria fundamental exercitar cálculos e projeções do tipo: quantas casas dariam para ser construídas com o dinheiro que se esvai pelos ralos da corrupção em Alagoas? Poderiam servir de exemplo os últimos escândalos: “taturanas”, “guabirus”, e as “armas italianas” compradas com dinheiro público e que não chegaram ao seu destino.
Como sei que o delegado encontra-se ocupado, atuando como voluntário e articulando ações concretas para amenizar as dores dos irmãos e irmãs da região atingida. Inclusive, não participou da maior festa popular do Nordeste, que é o forró, nem tem acompanhado o desempenho da seleção brasileira, o próximo artigo pode esperar um pouco.
(*) É historiador e coordenador da CPTO artigo fala de uma ocupação na sede da Eletrobrás Alagoas, que em tese atrapalharia o retorno do fornecimento de energia nas áreas atingidas, o que não é verdade, pois se trata de um prédio administrativo e os camponeses chegaram depois das 18h com a intenção de passar a noite e se proteger das chuvas embaixo das marquises. Às 6h do dia seguinte deixaram o local em caminhada utilizando um lado da pista para facilitar o fluxo do trânsito, o objetivo era sentar com Ouvidor Agrário Nacional, Gercino Filho, e formalizar o pedido de exoneração do superintendente do INCRA-AL.
No mesmo artigo o delegado escritor fala que à noite teve banho de mar e forró na praça. Mais uma vez faltou com a verdade, pois os camponeses que recebem o apoio da CPT retornaram aos municípios de origem no final da tarde. O mais grave foi acusar os camponeses de não serem solidários, de não colocar a mão na massa para restabelecer a dignidade das famílias.
É salutar esclarecer à sociedade, lembrando que a prática solidária é comum no meio campesino, faz parte da formação, e podemos recordar as seis toneladas de alimentos doadas na favela Sururu de Capote em junho de 2009 e as constantes doações coletivas de sangue durante a semana do agricultor, ou ainda, os alimentos doados às entidades que trabalham com jovens e crianças nos meses de junho e outubro quando acontecem as feiras camponesas. Quanto ao recente acontecimento que comoveu toda a sociedade, a CPT tem sido solidária com as famílias de Murici, Branquinha e União dos Palmares, levando alimentos e roupas arrecadadas nas comunidades e com amigos.
Sugiro ao delegado escritor que faça um novo artigo, desta vez, investigativo para identificar o porquê da tragédia? Porque os rios Mundaú e Paraíba elevaram tanto os níveis das suas águas? Porque as pessoas moram de forma tão indigna? Em qual a classe social, as pessoas são mais atingidas? No mesmo artigo poderia fazer uma relação entre a corrupção em Alagoas e a qualidade de vida do povo. Seria fundamental exercitar cálculos e projeções do tipo: quantas casas dariam para ser construídas com o dinheiro que se esvai pelos ralos da corrupção em Alagoas? Poderiam servir de exemplo os últimos escândalos: “taturanas”, “guabirus”, e as “armas italianas” compradas com dinheiro público e que não chegaram ao seu destino.
Como sei que o delegado encontra-se ocupado, atuando como voluntário e articulando ações concretas para amenizar as dores dos irmãos e irmãs da região atingida. Inclusive, não participou da maior festa popular do Nordeste, que é o forró, nem tem acompanhado o desempenho da seleção brasileira, o próximo artigo pode esperar um pouco.
fonte;cpt Alagoas
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