TRANSGÊNICOS

Por Vera Lucia – MPA – AL

O QUE SÃO OS TRANSGENICOS?

Os transgênicos são seres vivos criados em laboratório através de técnicas de engenharia genética desenvolvidas por cientistas, que transferem partes de um organismo para outro, ou tiram partes de um mesmo organismo, mudando a sua forma e manipulando sua estrutura natural com objetivo de obter características especificas. Isso mostra que os transgênicos são radicalmente diferentes das plantas e dos animais obtidos pelo melhoramento genético chamado de clássico ou convencional. A soja transgênica é um exemplo de organismo geneticamente modificado (OGM), pois recebeu genes de outros seres vivos que não são de sua espécie. A soja Roundup Ready (RR) da Monsanto, por exemplo, recebeu genes de uma bactéria para que se tornasse resistente ao herbicida Roundup fabricado pela própria Monsanto.

TRANSGÊNICOS: PARA QUER?

As empresas que produzem as sementes transgenicas costumam dizer que os transgênicos podem acabar com a fome no mundo, produzir alimentos mais saudáveis, aumentar a produtividade e até ajudar o meio ambiente. Na verdade, estão reciclando o discurso das décadas de 1960 e 1970, da Revolução Verde, que sabemos que aumentou a produtividade das lavouras mas também aumentou a degradação ambiental e a exclusão social.

POR QUE OS TRANSGENICOS SÃO UTILIZADOS NA AGRICULTURA?

Os transgênicos fazem parte do que as empresas chamam de “pacote tecnológico” (semente + agrotóxico) a ser vendido para o agricultor. Os organismos geneticamente modificados são um ótimo negócio para as empresas, pois é estabelecido um controle praticamente total sobre a produção. Comprando a semente transgênica, o agricultor também comprará o agrotóxico que a empresa fabrica. Alem disso, o produtor terá que comprar novas sementes a cada safra. Diferente da semente hibrida, que já tornava o agricultor dependente da industria, agora com as sementes transgenicas o produtor é obrigado a assinar um contrato com a empresa. Nele o agricultor assume o compromisso de não multiplicar sementes e de só usa-las naquele ano. Caso reserve, venda ou troque sementes, a empresa, pelos termos do contrato, poderá processar o agricultor. No caso de desconfiança, ela tem direito de entrar na propriedade e colher amostras da lavoura para saber se as sementes delas foram usadas. Nos Estados Unidos passam de 100 o numero de processos da Monsanto contra agricultores que multiplicaram sementes para o ano seguinte.

TODOS ESTES BENEFÍCIOS SÃO MITOS.

OS TRANSGENICOS NÃO VÃO ACABAR COM A FOME. Isso porque a fome no mundo não é um problema de falta de alimentos, mas de distribuição deles. De acordo com dados da FAO, há alimentos suficientes no mundo para alimentar cada habitante do planeta com 1,7 kg de cereais (como arroz e trigo), feijões e nozes; 200g de carne e 0,5 kg de frutas e vegetais. O problema do acesso à alimentação é a falta de renda da população e não a falta de alimentos.

OS TRANSGENICOS NÃOTÊM MAIOR PRODUTIVIDADE. Na Argentina, onde a plantio de transgênicos começou há quinze anos, o rendimento na plantação de soja é estatisticamente semelhante ao da plantação convencional. Nos Estados Unidos, relatórios do próprio governo admitem que os cultivos não aumentaram o potencial da colheita de qualquer variedade e, em alguns casos, diminuiu este potencial. As variedades que protegem as plantas das pestes aumentaram a colheita total em relação ás variedades convencionais, especialmente nos cultivos Bt, mas este fato pode mudar com o tempo devido ao aumento da resistência das pestes à toxina produzida pela planta Bt.

OS TRANSGENICOS NÃO SÃO CAPAZES DE REDUZIR O USO DE AGROTÓXICOS. Na Argentina, atualmente, existem nove espécies de plantas invasoras suspeitas de serem tolerantes ao herbicida glifosato, o Roundup. Para enfrentar este novo problema, os produtores estão usando até 8 litros do herbicida por hectares por cada ciclo de cultivo. Nos Estados Unidos, que plantam soja transgênica há 13 anos, aumentou em 86% o uso de herbicidas na soja RR. No Rio Grande do Sul, embora não existam dados oficiais do governo, os agricultores comentam que a soja transgênica produz de 10 a 25% menos que a convencional e sofre mais com a seca.

OS ALIMENTOS TRANSGENICOS NÃO SÃO MAIS NUTRITIVOS. As empresas de Biotecnologia não têm desenvolvido alimentos mais nutritivos. Elas apenas desenvolvem sementes que se encaixam em seu “pacote tecnológico”, ou seja, resistente aos agrotóxicos que fabricam. Depois de 13 anos no mercado, os transgênicos cultivados hoje têm apenas duas características: Resistência a herbicida ou a lagartas. Quatro espécies transgenicas são cultivadas em escala comercial: soja, algodão, milho e canola. Pouco mais de três de cada quatro hectares que são cultivados com plantas transgênicas no mundo são de plantas resistentes a herbicidas, principalmente a produtos à base de glifosato. Ou seja, a propaganda diz muita coisa e muitas promessas são feitas pelas indústrias da biotecnologia, mas até agora isso está longe da realidade e o que se viu foi o aumento da dependência dos agricultores e da desconfiança dos consumidores.

O CONTROLE DAS TRANSNACIONAIS SOBRE AS SEMENTES. Para utilizar uma semente transgênica, o agricultor precisa pagar uma taxa para a empresa dona da semente. Esta taxa é chamada de “royalty” e o preço é determinado pela empresa. Para reproduzir a semente, o agricultor tem que ter a autorização da empresa e pagar novamente a taxa tecnológica. No Rio Grande do Sul, onde o plantio de soja transgênica foi ilegal, a Monsanto fez um acordo com todas as cerealistas, armazenadoras e distribuidoras de grãos para cobrarem a taxa tecnológica dos agricultores. Em 2004 a taxa era de R$ 0,60 por saca de soja em 2005 a taxa passou para R$ 1,20. nenhum agricultor consegue vender sua produção sem pagar esta taxa. No mundo inteiro, tem sido comuns os processos judiciais das empresas contra os agricultores. Somente a Monsanto gasta 10 milhões de dólares por ano com advogados dedicados exclusivamente a investigar e perseguir agricultores que supostamente fazem uso indevido de suas sementes. Os casos conhecidos somam 147 agricultores acusados e processos contra outras 39 pequenas companhias. Pelos contratos que têm com os agricultores, mesmo que estes tenham deixado de plantar transgênicos, empregados da Monsanto podem entrar a qualquer momento dentro das propriedades para fiscalizar a produção até cinco anos após o plantio de transgênicos. O agricultor que planta transgênicos não pode armazenar e reproduzir as sementes sem autorização da empresa.

SEMENTES TERMINATOR

A tecnologia Terminator (quer dizer em “exterminador” em inglês) refere-se a modificações genéticas feitas nas plantas para produzirem sementes estéreis. No meio cientifico esta tecnologia e chamada de GURTs, que e a sigla em inglês para “tecnologias de Restrição de Uso Genético”.

Ou seja, a semente que seria guardada da colheita de uma variedade com tecnologia Terminator não poderia ser usada para plantio na safra seguinte, pois não iria germinar.

Esta tecnologia foi desenvolvida para assegurar e ampliar o domínio das transnacionais sobre as sementes. O objetivo era, e ainda é, que todas as plantas transgenicas também fossem terminator. Isso porque a esterilibidade das sementes permitem um monopólio muito mais forte do que o das patentes.

Devido a reação negativa que despertaram no mundo todo, as empresas foram mudando o dis curso e, hoje, falam que desenvolvem essas tecnologias como fator de biosseguranca, para evitar contaminação futura entre variedades transgenicas e não transgenicas. Já que as sementes não seriam capazes de se reproduzir não havia contaminação ambiental devido ao pólen das sementes transgenicas. Na realidade, sempre haverá o risco de dessiminação de pólen com tecnologia Terminator. Cientistas independentes dizem que a tecnologia não tem como funcionar em 100% dos casos. Teríamos, então, dois problemas: 1) As sementes estéreis e, também. 2) terminator contaminando as sementes convencias, as variedades crioulas e a biodiversidade silvestre.

FONTE: AS-PTA - Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa.

CAMPANHA TERMINATOR – Informativo

TERRA DE DIREITOS – Organização Civil Pelos Direitos Humanos.

ORGANIZAÇÃO: Vera Lucia – MPA - AL

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