Estamos inseridos dentro de uma sociedade completamente excludente, individualista e que ao longo dos anos simplesmente fecham os olhos para a realidade presente em sua volta. Uma sociedade que enxerga sua própria história através dos olhos da classe dominante. Uma sociedade que transforma heróis em bandidos e bandidos em heróis.
Uma das classes que sofreu e continua sofrendo o maior impacto desse processo exploratório é a classe camponesa, que ao longo dos anos foram expulsas de seu local, sofrendo não só com a retirada de suas terras, mas com a retirada de sua cultura e dignidade. O campesinato sofreu uma dupla exclusão, além de perder o direito ao acesso da terra, perdeu também o acesso á educação. Ao perder o direito a terra, da educação e se encontrarem submetidos e um sistema de exploração os camponeses começaram a se mobilizar e a adquirir uma ideologia de classe, acirrando a luta por seus direitos e reerguendo aos poucos um campo que já estava em processo de “extinção”.
Os Movimentos Sociais Campesinos não lutam apenas pela terra em si, eles não querem apenas um campo para produzir, mas um campo para viver. Suas ideologias visam eliminar a pobreza no meio rural, combater a desigualdade social e a degradação da natureza, a soberania alimentar e o desenvolvimento interno do campo e dos assentamentos, preservação da biodiversidade vegetal, animal e cultural, qualidade de vida e acesso ao trabalho, renda, educação e lazer. Sendo assim, essa luta não é apenas pela terra e reforma agrária, mas também pela educação do campo e uma vida mais digna.
Como afirma STÉDILE (1997), o “MST visa por abaixo a cerca do Latifúndio e também a cerca da ignorância, rompendo assim a cerca do latifúndio do analfabetismo e da educação burguesa, fazendo a Reforma Agrária também do saber e da cultura”.
A escola pode ser considerada o ponto mais importante para a evolução dessa ideologia, e a concretização dessa luta campesina, exercendo o papel de formar camponeses com uma visão de mundo diferente da realidade atual, em que a visão burguesa é predominante. Os saberes produzidos são diferentes e vinculados com a sociedade camponesa, mantendo sempre acesa a chama de uma sociedade mais justa e igualitária, e um campo em que tenham condições de plantar e viver dignamente.
A Educação do Campo é construída a partir das especificidades dos trabalhadores do campo, implantando dentro da escola as ideologias de suas organizações, seus interesses sociais e sua cultura através de uma educação contextualizada que visa o desenvolvimento do camponês, fazendo com que os jovens sintam orgulho de sua terra e continuem em seu território.
Acredito que a educação do campo é a base para o desenvolvimento integrado do campo e um grande passo para que a sociedade campesina passe a ser entendida de outra forma. Não mais como uma sociedade sem valor e direitos, mas como uma sociedade forte e de grande importância para o Brasil.
Movimentos Sociais Campesinos e a Educação do Campo
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